sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O SEGUNDO BATALHÃO(CAMPINA GRANDE -PB)EM CLIMA DE GUERRA.

Em Abril de Oitenta e Três, após o aniversário de nossa briosa POLICIA MILITAR, surgiu no seio de nosso B.P.M alguns panfletos denunciando a situação financeira que vinha passando no tocante salarial nossa sofrida e tão humilde Polícia Militar da Paraíba.
Tudo coeçou motivado pelo atraso do cumprimento por mais de seis meses de uma Minuta que nos concedia vantagens salariais em nossos parcos vencimentos de setenta por cento,e que já tinha entrado em vigor desde o mês de Janeiro daquele marcante ano.
Convém lembrar que esta chamada MINUTA tinha sido sancionada pelo então governador TARCÍSIO DE MIRANDA BURITY, no final de seu governo, na ano de 1982. Esta lei só entou em vigor em janeiro do ano seguinte, cujo governate do Estado era o saudoso governador Clovis Bezerra Cavalcanti,o qual passou a governadoria do nosso Estado para o governador Wilson Leite Braga, eleito naquele ano pela maioria de nossos conterraneos.
Cofiantes esperamos pacatamente pela boa vontade do governo do Sr. Wilson Braga,que até o dia oito de junho de Oitenta e Três não havia se pronunciado sobre a implantação daquele percentual em nossos contra cheques.E assim os panfletos foram surgindo no âmbito do nosso querido Segundo Batalhão, nos incentivando a fazermos uma paralização de nossos trabalhos ,até que governo estadual decidisse pagar nosso percentual de aumento tão pacientemente esperado.
Tais pasquins chegaram ao conhecimento do Cmt.Geral da época, que de imediato enviou a Campina Grande seu chefe do Estado Maior Coronel Marcílio Pio Chaves, no intuito de acalmar os ânimos existente no seio da tropa daquele B.P.M.
Ao chegar,reuniu-se com todos os Sub.Tenentes e Sargentos do batalhão na sede da nossa Banda de Música(o maestro da época era o atual Maj. José Alves Filho), onde ouviu várias reclamações sobre o desgaste salarial de nossa Polícia Militar,por partew de alguns Sargentos mais ousados,inclusive eu, expondo ao Coronel Marcílio Pio Chaves a situaçao financeira tão horripilante que vínhamos passando nos nossos humildes lares.
Eis aqui o nome histórico dos sargentos que entraram em discursão sobre o salario com o então Sub.Cmt.Geral:eu,EDMUNDO ALVES,Neto de Juazeirinho,Rolim e o saudoso Honorato in memorian. Ficamos alguns instantes dialogando com o Coronel Marcílio,alertando ao mesmo oque poderia acontecer dali pra frente se o governo não cumprisse com a CHAMADA MINUTA já sancionada no governo do Sr. Burity.
Regressou o Coronel Marcílio a capital do estado logo após nossa reunão,com o nome dos Sargentos por ele suspeitos de serem os autores daqueles panfletos,osquais gerou uma paralização no Segundo batalhão.
Um jornal da cidade de Campina Grande(GAZETA DO SERTÃO),começou a publicar editoriais sensibilizando a sociedade campinense a nos apoiar quando a greve ocorresse;expondo aos seus leitores o valor do salario de um Soldado PM,que era de Vinte e seis mill cruzeiros, menos que o valor do salario mínimo da época.
Noutros dias o citado jornal trazia artigos denunciadores em defesa dos nossos policiais,enfatizando que nossos familiares estavam passando fome;como também a situação desgastante de nossas viaturas, além do racionamento de combustivel das mesmas.
Denunciava ainda o jornal Gazeta do Sertão aos seus inúmeros leitores que o policial de estomago vazio e desarmado não poderia ter ãnimo de fazer segurança pública para o estado. Alertou o citado matutino a toda sociedade Campinense no dia sete de junho uma terça-feira, que poderia ocorrer uma paralização geral do Segundo Batalhão no dia seguinte,oito de junho. No dia anterior a paralização que realmente ocorreu,nós os Sargentos nos reunimos pela manhã no nosso cassino que ficava onde hoje é o auditorio do Batalhão,para discutirmos como seria a nossa greve relâmpago no dia seguinte(OITO DE JUNHO). Eu,Rolim,Urtiga,Honorato e Neto de Juazeirinho, explicamos aos demais companheiros alí reunidos que víriamos ao quartel para o expediente,mas ninguém iria pra rua trabalhar.
DE repente ouvimos o toque de formatura geral executado pelo corneteiro.Trancamos rapidamente a porta principal do nosso cassino para que os que alí estavam não entrassem em forma no pátio do Batalhão. Nenhum policial que estava no quartel obedeceu ao toque da corneta inclusive os destemidos oficiais da época.Ainda trancados no nosso cassino ouvimos pelo seviço de som do BPM o chamado para que eu, Rolim,Urtiga e Honorato comparecessemos até o gabinete do Sr. Sub. Cmt do batalhão o então Major João da Mata;não sabíamos de que se trataria aquela urgente convocação;adentramos ao gabinete do mesmo, nos ordenou que sentássemos e que esperássemos um instante,dirigio-se até o gabinete do Cmt do BPM; ao regrssar nos comunicou que tinha recebido ordem do Sr. SUB.Cmt. Geral Marcílio Chaves para nos recolher ao xadrez da unidade,mas que ele , Maj. João da Mata não iria cumprir tal ordem,e nos ordenou a regressar para o nosso cassino.
Após as doze horas e trinta minutos, ouvimos novamente o toque da corneta anunciando formatura geral, a decisão foi a mesma não iriamos obedecer outra vez,mas ao vermos o nosso Cmt. do Batlhão em pé no pátio esperando que o contigente chegasse em respeito ao mesmo decidimos entrar em forma.
O Coronel Jacinto da Costa serpa demontrando-se contrario ao movimento grevista dialogou por alguns minutos com a tropa em tom de revolta. O Sgt Rolim que se encontrava na frente de seu pelotão de trânsito, revelou ao Cmt. que em respeito a pessoa dele o Cmt. víriamos ao expediente do dia seguinte , e se ocorresse a paralisação que seria interna, ficariamos apenas cumprindo o expediente. O Coronel comunicou que haveria naquele dia expediente no horári da tarde, a partir das 15hs. de ordem do Comandante Geral da PM. Não regressamos ao expediente a tarde .
No outro dia,oito de junho, a paralização estava armada. A tropa em forma no pátio do batalhão não obedeceu coesa as ordens de seviço.Naquela manhã já se encontrava no batalhão oriundo da capital, o Sr.Sub.Cmt Geral Marcílio Pio Chaves,que com ordens severas ordenava ao pessoal para se deslocar pra cumprir o policiamento ostensivo nas ruas de Campina Grande. Ninguém obedeceu àquele superior, ficamos todos inertes quando o mesmo ordenou fora de forma. Irritado com a desobediencia dos companheiros,determinou que alguns companheiros fossem recolhidos ao xadrez da unidade. O sargento Orlando Vieira foi preso, mas alguns policiais revoltados com a prisão do mesmo se dirigiram até o xadrez pedindo a soltura urgentissima do colega; o Coronel Marcílio Chaves vendo que o pior poderia ocorrer determinou que o sargento fosse liberado.
Finalizando, no decorrer daquela mesma manhã,o EXC.Sr. Governador do Estado determinou a seu secretário de Administração a implantação urgente de nosso percentual de aumento salarial, atão falada MINUTA. Ao sabermos da notícia vinda da capital, o Sgt. Rolim pediu para toda tropa cantar o hino do batalhão.
Vencemos esta ardua luta que foi o primeiro movimento grevista que aconteceu na nossa Instituição Militar.


Ps: com muito orgulho partcipei desse movimento em prol de toda PM. Eu, Edmundo Alves,atualmente Major Regente da Banda de Música desse querido batalhão que foi palco deste historico acontecimento.

3 comentários:

Dora Casado disse...

Eu botei um link em "Avivando a Mente Musical"... depois olhe lá onde tem "clique aqui" :D
Bom dia, sr. Telúrico.

Bete disse...

Sabe mano! Eu fico muito feliz quando olho pra trás e não vejo nada que nos recrimine. Tudo que fizemos para alcançar a coroa da vitória profissional, foi com muita luta e dignidade. E mesmo, que em alguns momentos tenhamos caído, caímos, mas caímos de cabeça erguida.

Eliane Amorim Serpa disse...

Senhor Edmundo Alves, sou filha do Coronel Jacinto da Costa Serpa (falecido)e mesmo sendo uma adolescente na época,lembro-me que meu pai foi exonerado do Comando por APOIAR A GREVE! aliás ele sempre amou a Policia Militar e sempre lutou contra injustiças e até mesmo a interferência de políticos na vida Militar. Tenho colecionado diversos artigos de jornais da época,inclusive uma machette da Revista VEJA, que lhe entrevistou sobre seu apoio a referida greve. Atenciosamente,Eliane Serpa