quarta-feira, 10 de março de 2010

Caetano "cordelizado"

Autor: Antonio Barreto, natural de Santa Bárbara-Ba, residente em Salvador.



Eu já estava estressado


Temendo até por vingança.

Meus alunos na escola

Leitores da ‘cordelança’

E a galera em geral

Sempre a me fazer cobrança.



Todo mundo me acusando

De cordelista medroso

Omisso, conservador

Educador preguiçoso

Por não me pronunciar

Sobre Caetano Veloso.



Logo eu, trabalhador,

Um pouco alfabetizado

Baiano de Santa Bárbara

Sertanejo antenado

Acima de tudo um forte...

E por que ficar calado?



Resolvi tomar coragem

E entrei logo em ação.

Fui dialogar com o povo

E colher a opinião

Se Caetano está correto

Ou merece punição.



Lápis e papel na mão

Comecei a anotar

Tudo em versos de cordel

Da cultura popular

A respeito de Caetano

Conforme vou relatar.



— Artista santo-amarense

Amante da burguesia

Esse baiano arrogante

Cheio de filobostia

Discrimina o presidente

Esbanjando ironia.



— Caro artista prepotente

Tenha mais discernimento.

Seja um Chico Buarque

Seja Milton Nascimento

Seja a luz do Raul Seixas

Deixe de ser rabugento.



— O Caetano deveria

Ser modesto e mais gentil

Porém o seu narcisismo

Que não é nada sutil

Faz dele um homem frustrado

Por ser bem menor que Gil.



— Seu comportamento vil

É algo de outra vida

Ele insiste em muitos erros

Não cura sua ferida

Por isso sua falação

É de alma involuída.



— Caetano é um arrogante

Partidário da exclusão

O que ele fez com Lula

Faz com qualquer cidadão

Sobretudo gente humilde

Que não tem diplomação.



— Por que este cidadão

( o Caetano escleroso )

Não criticou Figueiredo

Presidente desastroso ?

Além de aproveitador

O Caetano é medroso.



— Esse Cae que ora vejo

Não representa a Bahia.

Ser o chefe da Nação

Esse invejoso queria

Mas a sua paranóia

Pouco a pouco lhe atrofia.



— Já pensou se o Caetano

Fosse então educador ?!

“Mataria” os seus alunos

Pela falta de pudor

Pela discriminação

Pelo brio de ditador.



— Ele não leu Marcos Bagno

Pois é leitor displicente.

Seu preconceito lingüístico

Contra o nosso presidente

Discrimina Santo Amaro

Terra de Assis Valente.



— Ele ofende até os mortos:

Paulo Freire, Gonzagão

Patativa do Assaré

O Catulo da Paixão

Ivone Lara, Cartola

Pixinguinha, Jamelão...



— Caetano é um imbecil

Da ditadura um amante.

Um artista egocêntrico

Decadente ambulante

Se julga intelectual

Mas é mesmo arrogante.



— A Bahia está de luto

Diante da piração

Desse artista rabugento

Que adora a exclusão,

Vaca profana, ególatra

Que quer chamar a atenção.



— Vai de reto, Caetanaz

Pega o Menino do Rio

Garoto alfabetizado

Que te provoca arrepio.

Esse sim, não é grosseiro

Nem cafona pro teu cio.



— Um burguês reacionário

Que odeia a pobreza.

Ele não gosta de negro

E só vive na moleza.

Sempre foi um lambe-botas

Do Toninho Malvadeza.



— Vou atender meu cachorro

Pois é algo salutar

Muito mais que prazeroso

Que parar pra escutar

O Caetano elitista

Que começa a definhar.



— Certamente o Caetano

Esqueceu do Gardenal.

Bem na hora da entrevista

Lá se foi o bom astral

Desandou no Estadão

Dando um show de besteiral !



— Caetano ‘Cardoso’ segue

Sempre a favor do “vento”

Por entre fotos e nomes

Sem lenço nem argumento

Vivendo só do passado,

Cada vez mais ciumento.



— Eu respeito a sua arte

Mas preciso declarar

Que quando não tá na mídia

Cae começa a atacar

Sobre tudo as pessoas

De origem popular.



— O Caetano gosta mesmo

É de gente diplomada:

Serra, Aécio, Jereissati,

Toda tribo elitizada...

Bajulou FHC

Que fez muita trapalhada.



— O Caetano discrimina

Pois está enciumado.

Na verdade, o nosso Lula

É um homem educado.

Um nordestino sensível

Muito mais que antenado.



— Dona Canô, com 100 anos

Não perdeu a lucidez.

Mas seu filho Caetano

Ficou pirado de vez

Transformando- se num “cara”

De profunda insensatez.



— Ofendeu Marina Silva

— Através do Silogismo

Mistura de Lula e Obama

Logo quer dizer racismo:

Mulher cafona, grosseira

Analfabeta – que abismo!



Adoro Mabel Veloso,

Betânia, dona Canô....

Para toda essa família

Meu carinho, meu alô.

Mas o mestre Caetanaz

Já está borocoxô!



É proibido proibir

O cordelista versar

Pois conforme disse Cae

“Gente é para brilhar”.

Então permita ao poeta

Liberdade de pensar.



Brasileiros, brasileiras

A Bahia está de luto.

Racistas em nossa terra

Radicalmente eu refuto.

Estamos envergonhados,

Todos fomos humilhados

Oh Caetano ‘involuto’.



FIM



Salvador, triste primavera de 2009

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